O iene está rachando sob pressão eleitoral dos EUA

O iene caiu para seu nível mais fraco em relação ao dólar em quase três meses devido ao dólar forte, estimulado pela conquista de terreno por Trump em estados-chave e por sinais de um mercado de trabalho americano robusto.

O alerta da principal autoridade monetária do Japão na semana passada, depois que o iene enfraqueceu além do nível, ressaltou a possibilidade de novas quedas, apesar dos riscos de intervenção.

Tóquio entrou no mercado forex por volta de maio para conter o declínio do iene, de acordo com dados do Ministério das Finanças. Mas o movimento controverso, combinado com dois aumentos de taxa, não interrompeu a tendência de longo prazo.

"Esperamos que o câmbio dólar-iene se reajuste no final do ano, mas no curto prazo parece que ele permanecerá alto, em torno de 150", escreveu Yujiro Goto, chefe de estratégia de câmbio da Nomura Securities, em nota.

O iene está a caminho de ter o pior desempenho entre as moedas do G7 pelo quarto ano consecutivo. Os diferenciais de taxas de juros EUA-Japão, o maior impulsionador do par, só começaram a diminuir em 2024.

O primeiro-ministro Shigeru Ishiba sugeriu no início deste mês que o país não está pronto para mais aumentos nas taxas de juros, embora mais tarde tenha dito que não interviria em questões de política monetária.

"Se quebrarmos 152, vejo 156 se não virmos nenhuma intervenção do Ministério das Finanças", disse Shoki Omori, estrategista chefe de mesa da Mizuho Securities. Ele acrescentou que o Japão pode fazer pouco antes da eleição dos EUA.

Empurrão salarial

O FMI está ganhando confiança sobre a sustentabilidade da inflação do Japão e espera que o BOJ continue em um caminho gradual de aumento das taxas de juros nos próximos anos, disse a chefe da missão, Nada Choueiri.

"Temos visto indicadores de consumo começando a aumentar, e temos visto os ganhos programados dos funcionários começando a aumentar, e isso é uma indicação de um ciclo positivo de preços e salários atuando na economia."

O fundo espera que o Japão atinja uma taxa neutra nominal de cerca de 1,5% — maior do que a estimativa de economistas privados de 1% — por volta do final de 2026. O banco central dificilmente agirá na reunião deste mês.

A inflação básica do Japão desacelerou em setembro devido à implementação de subsídios à energia, mas um índice excluindo o efeito do combustível se manteve estável, um sinal de que a pressão crescente sobre os preços levará a novos aumentos nas taxas de juros.

A leitura excedeu a meta de 2% por bem mais de dois anos. O governador Kazuo Ueda disse que o banco continuará apertando se a inflação permanecer no caminho para atingir 2% de forma estável, conforme projeta.

A economia expandiu 2,9% anualizado no segundo trimestre, com aumentos salariais constantes sustentando os gastos do consumidor, embora a fraca demanda na China e a desaceleração do crescimento nos EUA obscureçam as perspectivas de recuperação.

Outro fator-chave seriam as negociações salariais do ano que vem. Embora muitas empresas provavelmente continuem aumentando os salários, algumas podem não repetir os aumentos oferecidos este ano se a demanda mais lenta pesar nos lucros, dizem analistas.

Uma eleição diferente

Os traders especulativos de moeda que vacilaram o ano todo em relação ao dólar acabaram de fazer seu maior movimento em três anos. Eles reduziram as posições vendidas em dólar em cerca de US$ 8 milhões na segunda semana de outubro.

Outro sinal de alta é que o preço das calls em relação às puts em uma ampla cesta de dólares nos próximos 30 dias subiu no último mês e agora está em sua maior marca desde julho.

A atividade econômica dos EUA foi pouco alterada de setembro até o início de outubro e as empresas viram um ligeiro aumento nas contratações, mostrou o "Beige Book". O pouso suave elevou os rendimentos do Tesouro.

Os swaps de juros mostram que os traders esperam que o Fed reduza as taxas em 128 bps até setembro de 2025, em comparação com os 195 bps precificados há cerca de um mês.

Desta vez, o aumento dos rendimentos também reflete a crescente preocupação de que o Partido Republicano possa assumir o controle da Casa Branca e do Congresso após a eleição, o que pode aumentar o déficit federal e a inflação.

Se 2020, quando uma corrida apertada semelhante aconteceu, é o guia, o iene deveria ter se fortalecido gradualmente rumo à eleição. No entanto, há poucos sinais de momentum de alta neste mês.

As razões da valorização do iene há quatro anos incluíram a pandemia de Covid-19 que assolou os EUA e a redução da escalada da guerra comercial. Obviamente, estamos do outro lado do túnel.

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