Resumo:
Uma pesquisa da Reuters mostra que um terço dos estrategistas espera que o euro atinja a paridade com o dólar, caindo para 1,03, em meio às tarifas de Trump.
O euro mal se movimentou tanto em 2025. Mas quase um terço dos estrategistas de câmbio entrevistados pela Reuters agora esperam que ele caia para a paridade com o dólar ou abaixo, contra apenas um quinto no mês passado.
A expectativa média da pesquisa era de que o euro se manteria estável nos próximos três e seis meses em US$ 1,03 e se fortaleceria cerca de 2% no segundo semestre do ano, para US$ 1,05 no final de janeiro.
No entanto, a força do dólar pode perder força no segundo trimestre e enfraquecer no longo prazo, "mas a convicção sobre quando esse ponto de virada acontecerá é muito baixa", disse Meera Chandan, codiretora de estratégia global de câmbio do JP Morgan.
Um relatório do FT descreveu as razões pelas quais a economia americana continuará a ter desempenho superior. Para a Europa, os EUA foram menos afetados pela guerra na Ucrânia, devido aos seus abundantes suprimentos domésticos de energia.
Além das consequências da guerra, a produtividade do trabalho nos EUA cresceu 30% desde a crise financeira de 2008-09, mais de três vezes o ritmo da Europa – uma grande lacuna que contribui para o "excepcionalismo americano".
Globalmente, os maiores gastadores em P&D estão cada vez mais concentrados no setor de tecnologia, que é dominado por empresas dos EUA. A Europa mostrou poucos sinais desse dinamismo.
De acordo com a Oxford Economics, o nível de investimento privado na zona do euro seria reduzido em quase 2% até o final de 2027 como resultado das tarifas pendentes no bloco.
MAGA 2.0
A ameaça de guerra comercial de Donald Trump está criando uma divisão maior entre o Fed e o ECB. Powell indica que as taxas de juros permanecerão inalteradas, dada a forte economia dos EUA e as incertezas políticas.
Os traders tomaram nota da tendência, precificando mais cortes fora dos EUA desde a eleição. Eles ainda esperam outros três a quatro cortes de taxa de 25 bp do BCE este ano.
"Alguns anos atrás, os bancos centrais estavam bastante relutantes em se afastar do Fed...", disse Dario Perkins, economista da TS Lombard. "É um desacoplamento de políticas muito mais claro agora."
Com a inflação muito mais alta do que em 2018, espera-se que as tarifas de Trump atinjam os preços mais do que durante seu primeiro mandato. Ele mirou quase todos os principais parceiros comerciais dos EUA em menos de um mês.
Empiricamente, o MAGA causa um choque inflacionário único nos países que "tiram vantagem" dos EUA, mas pode levar os aumentos de preços a taxas mais altas do que os banqueiros centrais gostariam.
Líderes europeus prometeram na terça-feira retaliar depois que Trump anunciou que aumentaria as tarifas sobre alumínio e aço para 25%. Essa pode ser a primeira de uma série de tarifas "recíprocas".
De acordo com o Citi, mesmo que a UE impusesse uma tarifa retaliatória de 10% sobre as importações não energéticas dos EUA, isso teria um impacto muito pequeno de 0,05% na inflação básica dos preços ao consumidor.
Um acordo de paz difícil
Trump disse no domingo que acreditava estar progredindo nas negociações para acabar com a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, mas se recusou a fornecer detalhes sobre quaisquer comunicações que teve com Putin.
O presidente dos EUA também quer se encontrar para discutir o assunto. A Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos são vistos pela Rússia como possíveis locais para uma cúpula, informou a Reuters no início deste mês.
No ano passado, Putin estabeleceu seus termos iniciais para o fim imediato da guerra: a Ucrânia deve abandonar suas ambições na OTAN e retirar suas tropas das quatro regiões reivindicadas e em grande parte controladas pela Rússia.
Zelenskiy concordou em fornecer aos EUA terras raras e outros minerais em troca de apoio financeiro ao seu esforço de guerra. Isso ameniza as preocupações de que Washington abandonará a Ucrânia.
Cerca de 40% dos recursos metálicos da Ucrânia estão agora sob ocupação russa, de acordo com um think tank. Isso significa que os EUA estão se fornecendo garantia de pagamento antecipado por compromisso com um cessar-fogo.
A confiança empresarial na Europa ganhará um impulso se Trump puder cumprir sua promessa. Ainda assim, é improvável que isso aconteça até que a poeira baixe no campo de batalha, então os ativos europeus ignoraram as notícias.
Surpreendentemente, Trump sugeriu que a Ucrânia possivelmente perderia sua soberania para a Rússia na última entrevista. O discurso assustador ressalta as incertezas em torno do resultado da guerra.
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